Por Nathalia Monteiro
Há quase um século, em 10 de abril de 1929, no vasto verde da Amazônia, nascia Guajará-Mirim, uma cidade que transpira histórias e culturas, marcando o início da criação do Estado de Rondônia com pioneirismo e justiça através do forte crescimento econômico da região.
Entre árvores centenárias e as águas do rio Mamoré, o município Guajará-Mirim, que anteriormente era conhecida como Esperidião Marques, no Estado do Mato Grosso, emerge como ponto de convergência, onde narrativas e etnias se confundem através do movimento de imigrantes, trabalhadores e mercadorias.
Tudo começou com a Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), inaugurada em 1912, que traçava a linha de transporte da borracha na Amazônia. A Maria Fumaça, carregada de tonéis, pélas de borracha e sacas de látex e outras mercadorias, conectava a cidade de Porto Velho aos portos de exportação para assim distribuir os produtos a seus destinos em todo o mundo.
Durante o percurso em meio a floresta, os trabalhadores faziam uma parada na estação ferroviária do distrito de Generoso Ponce, onde é o atual Distrito de Jaci-Paraná em Porto Velho, geralmente para o almoço. O destino do trem era na fronteira boliviana, do outro lado do rio Mamoré, onde o interesse econômico se fortalecia e transformava a região.
Os registros históricos, preservados no Centro Cultural de Documentação Histórica do Poder Judiciário de Rondônia (CCDH), revelam que em 26 de junho de 1922, a povoação de Esperidião Marques passou para o Distrito de Paz do município de Santo Antônio do Rio Madeira. Somente em 1928, o distrito foi elevado à categoria de cidade, desmembrando-se de Santo Antônio do Rio Madeira e adotando o nome de Guajará-Mirim, em alusão à localidade do lado boliviano, Guayaramerin. O município foi oficialmente instalado em 10 de abril de 1929, completando 95 anos em 2024.
Esta configuração territorial e a confirmação oficial como parte do Território Federal do Guaporé ocorreram em 31 de maio de 1944, por meio do Decreto-Lei 6.550. Em 17 de abril de 1945, Guajará-Mirim e Porto Velho se tornaram os únicos municípios da divisão administrativa e judiciária do Território do Guaporé. Os novos municípios só foram criados a partir da década de 1980. Dois anos depois, no dia 04 de janeiro de 1982, o Estado de Rondônia foi instalado, tendo como seu primeiro governador o Coronel Jorge Teixeira.
Vale destacar ainda que dos 52 municípios de Rondônia, Guajará-Mirim é o único que tradicionalmente decretou feriado no dia 06 de agosto, em celebração à Independência do Estado Plurinacional da Bolívia em 1825.
A influência das diversas culturas, especialmente a indígena e boliviana, reflete na culinária de Guajará-Mirim. A saltenha e cunãpé são de origem boliviana, enquanto o tacacá com pipoca é prato de origem indígena. Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Guajará-Mirim é o município que possui a maior população indígena do Estado de Rondônia. Essa diversidade se manifesta também no tradicional Festival Folclórico, conhecido como Duelo na Fronteira, realizado na arena do bumbódromo Márcio Menacho.
Assim é Guajará-Mirim: uma cidade multicultural, que é a segunda maior em extensão territorial de Rondônia. Com significado da formação geológica a partir da água, Guajará-Mirim é um termo oriundo da língua tupi que significa: “cachoeira pequena”. Atualmente, sua paisagem urbana reflete a riqueza cultural e o calor humano de seu povo.
O jornal ZumZumZum Online parabeniza a população da Pérola do Mamoré pelos 95 anos de história. Parabéns a todas as pessoas que lutam e sonham por um futuro melhor para uma Guajará-Mirim e pelo constante desenvolvimento do município.
